Pô ! Onde somiu o antigo site ?

Talvez vocês conhecessem Língua Afiada há alguns anos. Nele publiquei recados em português, sejam originais, sejam traduzidos do francês. Infelizmente e de repente, Microsoft resolveu fechar todos os sites dela sem avisar a galera. Graças a Deus (de nada, meu filho) guardei dois textos aqui no meu computador mesmo. Hoje estou passando-os para o Google "blogger" com a esperança dele ficar mais fiel que o MS.

quarta-feira, 20 de março de 2019

manhã cansativa

São as oito e meia. Um raio de sol ilumina o quarto pelo lado da cortina, a gatinha pula na cama para reclamar carinhosamente, mas com firmeza, a sua primeira ração do dia.
Aí vou, dando comida aos gatos, tirando o lixo da mesa e arrumando-a para o café. Falando em café, também vou procurando um filtro, um café moido e água para ligar o cafeteira. Depois procuro croissant no freezer e boto no forno para aquecer. 
Agora só falta o jornal, por sorte estou com assinatura, o "Le Soir" está já na caixa de correio. Junto o jornal com o café -qui ficou pronto- e o croissant que acabou de esquentar. Tudo certo, posso relaxar e sentar ?



Infelizmente não porque naquela altura acordo e levanto ... preciso fazer tudo de novo, porque as coisas que trabalhei no sonho ... não valem! maldita manhã ... 

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domingo, 25 de novembro de 2018

Uma máquina de lavar roupa ... e mais


Conforme a Agence France-Presse, o caso aconteceu em Amesterdão, Holanda. Havia lá uma casa inocupada (teoricamente) com bastante movimento. Aí a polícia municipal resolveu pesquisar a tal casa.

Encontraram no imóvel ... um telemóvel, uma pistola, uma máquina de contar dinheiro e outra de lavar roupa, esta última parecia nova, nunca usada. Abrindo o aparelho, acharam também a razão da contadora de dinheiro. O conteúdo da máquina, nem estava molhado, eram 350.000 euros.

Agora a justiça está suspeitando ... lavagem de dinheiro !

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O dia que Tia Dora ia voltar para o Rio de Janeiro

O ano novo passara depois de 3 dias, os foguetes iam acalmando-se aos poucos assim como o funk. A próxima segunda feira seria dia de trabalho para todos (menos o gringo que sou eu).
Aí, a Dona Márcia resolvera: “amanhã vamos acordar cedinho e sair da casa de férias antes do meio dia, melhor para escaparmos dos engarrafamentos no caminho a Rio de Janeiro”. Assim falou a Dona Márcia, todos escutaram e concordaram, o que era a voz da sabedoria. Porém, ninguém acreditou nem uma palavra, já que a Dona costumava fixar alvos impossíveis no seu respeito (na ida, ela decretara uma partida às 3 da tarde que se tornaram 7 da noite).
Contudo, a galera não tinha opção, o carro Palio é da Senhora, e os três passageiros não pretendem guiar um carro. O primeiro passageiro, a Luna, porque é cadela, embora ela pense que é gente (eu acho que é raposa mas não tenho como contradizer uma femeia).

O segundo passageiro, o César, é o marido da chefa, era taxista, já foi taxista em realidade, hoje a saúde dele não lhe permite mais guiar. O terceiro passageiro é uma passageira, é a Tia Dora, amiga do casal por herdança, já que era muito ligada com os pais da Márcia. Quando os pais morreram, a Tia Dora se aproximou das filhas e agora ela participa de todas as comemorações familiares.

Então, o dia seguinte – que era o domingo logo apôs do ano novo – Tia Dora acordou cedo e sorridente. Ás sete, ela tinha varrido o quarto, dobrado os lençóis e a cobertura, arrumado a mala dela e finalmente fechado-a. Ela fora à praia, tomara o último banho de mar, e a seguir banho de chuveiro; vestira uma roupa limpa, penteara o cabelo, e ficara prontinha limpinha animadinha. Tomou o café da manhã com a Luna (para ela foi água da manhã) e o César quando acordaram. Depois disso, ela lavou a louça usada e sentou numa cadeira, consciente do dever cumprido, toda prontinha arrumadinha limpinha, esperando apenas o sinal da partida.
Mas a Dona Márcia não acordava, ela só apareceu no meio dia, meio dormida meio faminta … Então, Tia Dora voltou ao trabalho, preparando um almoço para o casal, tirando pratos do armário, servindo a comida e depois lavando louça novamente. A metade faminta da Márcia ficou satisfeita mas a metade dormida quis fazer mais uma cochiladinha, e fez. Aí, a Tia Dora voltou para a sua cadeira, ainda pronta, arrumada e limpa, esperando o sinal da partida.
Na tarde, saiu no rádio uma notícia terrível e surpreendente: a estrada BR101, no trecho entre Angra dos Reis e Rio de Janeiro, estava entupida com milhares de famílias querendo regressar para casa ao fim das férias, não adiantava viajar naquela altura. A prudência comandava esperar um pouco! “Vamos lá, sairemos à noite se Deus e o trânsito permitir.” Informada, a Tia Dora ficou imóvel na sua cadeira, sempre pronta, arrumada e limpa, esperando o tempo passar.
Porém, com a noite também reapareceu a fome na barriga da Luna (menos-mal), da Márcia e do César. A Tia Dora levantou, abriu a geladeira, pegou algumas carnes e legume e improvisou uma refeição para os humanos, a cadela aproveitou os croquetes. Depois do cafezinho, quase todos concordaram que já era tarde demais para viajar, a carreteira é perigosa com a escuridão que tinha caído por surpresa às 7 e meia como cada dia do verão. A Tia Dora foi para cama, contudo pronta, mas menos arrumada e menos limpa, esperando a noite acabar.
Então, o dia seguinte – que era a segunda feira logo apôs do domingo – Tia Dora acordou cedo e sorridente ...  

terça-feira, 22 de maio de 2012

Viva o fim do mundo


Este texto já fez cinco anos, e a Saga de Lost acabou ... Por tanto,  não mudaram tantas coisas e o fim do mundo está demorando. Por isso, publico novamente a cópia que ficou escondida no meu computador


Dizem que vai acontecer amanhã, ou tal vez chegue o mês que vem, e isto me alegra bastante; ouça-me bem : eu não quero morrer de nenhum jeito, não; se por acaso tivesse a escolha ia viver até sempre, ia escrever milhares de artigos no meu blog, tocar todas as músicas de Lennon/McCartney e namorar todas as mulheres que não conheço ainda (e são muitas). Mas ... entendi há muito tempo que a felicidade ... tem fim.
Pois é, já que todos temos de voltar à poeira, gostava de não ir embora ... sozinho. Morrer deixando atrás de mim uns filhos desesperados, amigos chorando, inimigos se alegrando (a não ser o contrário); partindo sem ter conhecido o segredo da ilha do Lost, sem ter visto o Rambo XVII, sem ter escutado o show dos noventa anos do Mick Jagger; faltando o jogos olímpicos de Bagdá em 2052 e a colonização de Marte pelos Afegãs ...
Pelo menos, se acontecer amanhã o fim do mundo, vou morrer feliz, sabendo que estes eventos não terão lugar. A minha curiosidade vai ficar satisfeita, não terei aquela imensa vontade de voltar para saber como a história vai continuar. E a minha namorada, que algum dia me falou “o dia que você for embora, não poderei sobreviver” ... ela vai honrar a própria promissa, tenho certeza !!!
Devo confessar, portanto, no fim do mundo apenas estou percebendo vantagens; só podia me incomodar se chegasse antes da hora, a Hora com aga maiúsculo, minha hora. Aí, vamos combinar uma coisa : concordo em adiar o apocalipse com ... vamos lá ... 20 anos, mas aí eu quero uma garantia formal que eu não vou partir antes do dia marcado. Combinado ?    

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

a Rainha da bateria


A primeira vez que encontrei a Rainha da bateria, ela estava sentada atrás do balcão do Blokker. Para quem não conhece o Blokker® preciso explicar que é uma loja comum em muitas cidades da Bélgica e da Nederlândia, uma loja que vende mercadorias de camelô ... só que aqui não existem camelôs, senão empresas internacionais que os substituem.
Mas, chega de aulas e voltamos ao assunto : a rainha pois estava lá sentada ao lado da caixa, me perguntando «vai pagar com cartão ?» Eu tinha comprado um chaveiro, porém não era um qualquer chaveiro ordinário com apenas um aro, uma corrente e um escudo da Alfa Romeo ... nada daquilo. No lugar do escudo do carro ficava uma “câmera digital” pequenina, que em português certo é preciso nomear de “maquininha numérica de retrato”.
Visto que o preço dela era menor que o tamanho da máquina – e incluía uma pilha nova - resolvi tirar na sorte e comprei-a, com muitas dúvidas, mas pouco risco.
Mal cheguei em casa que quis ligar o aparelho para testar o funcionamento dele. Abri a caixa e aí descobri uma MDR (máquina de retrato) do tamanho duma caixinha de fósforos, um cabo USB (uso sanitário do bidê) e uma pilha AAA (alimentação do alcoólico anônimo). Botei a pilha dentro da MDR anã, apertei o botão e nada aconteceu : a anã não tinha tela, apenas um quadradinho para visualização de 5 teclas quando muitas; naquele caso não apareceu nenhuma.
Aí liguei a máquina ao cabo e o cabo à tomada do computador, o quadradinho publicou “0photos”. Será a pilha que não presta ? Infelizmente, não tenho nenhuma AAA em casa para trocar. Procurei o controlador elétrico e indaguei a pilha que aí confessou ter ficado vazia !!! Nem sobrou um elétron nela.
As pessoas que me conhecem sabem de que não gosto de ser enrolado por ninguém, ainda menos pelos comerciantes, por isto voltei muito irritado ao tal Blokker para rodar a baiana. A rainha ainda estava reinando sobre a caixa dela, servindo sem vergonha mais vítimas futuras da sua perfídia. Falei em voz alta para todos escutarem, erguendo na mão a arma do crime “acabo de comprar esta coisa de você mas a p. da pilha já estava vazia, até passei o amperímetro nela”.
A mulher não se assustou, reagiu com calma, pegou a bateria na mão, deu uma olhada nela e aí pronunciou com solenidade “O senhor precisa tirar o plástico da bateria antes de usá-la”.
Dali para frente eu lembro dela como Rainha da bateria, enquanto eu fiquei como o palhaço do Blokker.  

sábado, 5 de novembro de 2011

a Vida não é filme ... porém


Vocês estão convidados ...
O casal ficou surpreso recebendo o tal convite... Primeiro, porque o rumor público contava, que os vizinhos  tinham se mudado para Luxemburgo, com cachorro ,criança, ,carro e álcool. Segundo porque, não costumavam ser hospitaleiros, ambos estavam bêbados todos os dias. O marido se tornava então violento, enquanto a mulher ficava gritando que nem um porquinho sangrado. A policia vinha pelo menos três vezes por semana.
Será que resolveram abandonar a cerveja, a fim de melhorarem as relações com os vizinhos, os tiras e os professores ? Um tal esforço não pode ficar sem prêmio. O casal e a filha fizeram a opção de aceitarem o convite do vizinho para o jantar; também estavam muito curiosos de conhecer o interior da casa deles; além disto, as oportunidades de se divertir não são tão comuns assim na pequena cidade de Verviers (leste da Bélgica).
Neste ponto da história, posso apostar o que você está pensando!: «Já vi o filme mais de quinze vezes. O malvado matou a mulher e o filho, ele vai cozinhá-los e deixar os convidados escamotear os corpos comendo-os» Espere, não é tão obvio assim !!!
Porém a comida não era um churrasco de «gente» apenas  um "Coelho" e nem se chamava Paulo. Nada de humano, apenas animal, coelho com molho de cerveja ao modo belga. Durante a refeição, o anfitrião contou para os vizinhos os tais azares da própria vida: a perda da família e do emprego, a morte do coelho e o campeonato de futebol perdido pelo Standard.
O jantar acaba com uma grappa, todo mundo está bem alegre : A garrota e a mãe  propõem ajuda para arrumar a louça e o resto da comida.  A mulher pega um tupperware, enche-o com o coelho de sobra e vai ao freezer. Abrindo o freezer, ela descobre: primeiro que ele está lotado, segundo que há lá dentro uma figura humana, terceiro ela enxerga também uns braços e seios, finalmente entende que a geladeira contem o corpo inteiro de uma mulher.
Não me diga! «A primeira vez escolhi o flime errado mas agora já sei o que vai acontecer : o cara vai procurar uma faca, correr atrás dos convidados e vai acabar matando a família toda». Porém, você está errado de novo, esta história não é nada normal, pois é belga, quer dizer surrealista...
O dono da casa fica parado na cadeira. Ele diz :"Deixa lá, vou arrumar eu à minha moda."
Os convidados cumprimentam rapidamente o anfitrião pelo coelho delicioso, agradecem e vão embora com um "tchau muito obrigado". Portanto, em vez de regressarem direto para casa, vão à delegacia.
Duas horas depois, quando os tiras chegaram na casa do assassino, o marido ainda estava sentado na mesma cadeira, e se fez de guia para mostrar aos policiais o corpo grande no freezer, e um outro menor, que a mulher não tinha visto.

P.S.   Pensando bem, acho que não vou comprar aquele freezer maior que me pediu a minha namorada

o Baiano do Iguatemi


Aquele dia no Rio de Janeiro resolvi instalar a impressora HP nova que a filha tinha comprado. Abri a caixa de papelão e percebi que lá dentro havia um monte de isopor mais uma impressora (sorte minha), um cordão de alimentação (pra ligar na tomada) e um CD de instalação. Infelizmente, não encontrei nenhuma cabo para conexão paralela ao computador.
Gente, uma impressora precisa dum computador tanto quanto um peixe de uma bicicleta ou uma sopa de um bigode : já para configurar a impressora você precisa desse maldito cabo. Porém, o problema é mundial, os fabricantes agem como se você já tivesse uma impressora e comprasse outra, nova, apenas porque se cansou da primeira. Tudo bem, no shopping Iguatemi, perto de casa, há uma galeria de lojas informáticas onde vou encontrar o prezado acessório.
Fui no parqueamento do shopping, desci uma escada rolante, entrei na galeria, me direcionei até o primeiro balcão, peguei um cabo paralelo, paguei 5 reais (2 euros) e voltei para casa com o ... cabo errado, conforme a Lei de Murphy. Esta lei diz que se você tiver uma chance de fazer a escolha errada, com certeza vai aproveitar. Neste caso preferi uma tomada femea enquanto a preferência da HP ia para os machos.
Tanto faz ! É só trocar ! É só regressar para a loja. Nem vou precisar pagar o estacionamento pois os primeiros 20 minutos são de graça. Ali vou. Ao chegar ao balcão descubro que o empregado não é aquele que me vendeu o cabo; mas tudo bem, estou com a nota fiscal e vou explicar direito :
- acabei de comprar este cabo que não deu, preciso de um outro parecido com tomada macho, estou vendo-o, o preço é igual, posso trocar ? Obrigado-tchau !
- senhô, tô atendendo um clientxe, isperi pô favô ...num mi estressi
O cara continua escrevendo acho que uma fatura enquanto o tal cliente está passeando, idas e voltas, no corredor da galeria. Apôs de terminar a fatura, o cliente volta para pagar; ai, o vendedor ergue os braços até uma prateleira, pega uma maleta preta, põe a maleta na mesa, abre a maleta, escolhe e apanha uma caixinha, abre a caixinha, extrai um carimbo e imprime a marca no papel. Depois, ele bota o carimbo dentro da caixinha, fecha caixinha, arruma caixinha na maleta preta, fecha maleta e põe a maleta de volta na prateleira.
- O senhô qui qué ?
- Quero apenas trocar este cabo com outro quase igual e embora ...
- Isperi, num é tam simples assim, primeiro rigistrá o retorno da mercadoria ...num mi estressi !

Quem falou que baiano é preguiçoso ? bobagem, este cara pelo menos gosta de trabalhar muito, até cria tarefas a mais. Então, ele toma a nota fiscal, escreve um retorno de cabo paralelo n° tal, pega um cabo que a gente ia dizer idêntico enquanto eu fico cada minuto mais nervoso.
Portanto, o meu suplicio ainda não acabou, falta uma nota nova, que ele está escrevendo devagar, com muito cuidado. A final da conta, ele assina a nota, eu já estou nos starting bloques mas o olhar dele está dizendo «ainda num acabei, num mi estressi !» então fico parado esperando
Esperando o maniaco erguer para procurar a maleta preta na prateleira, abrir a maleta, apanhar a caixinha, abrir a caixinha, pegar o carimbo, carimbar a nota. Esperando o maluco botar o carimbo dentro da caixinha, a caixinha dentro da maleta preta e arrumar a maleta sobre a prateleira.
Entretanto apareceu uma fila de clientes procurando os próprios carimbos. Quem disse que baiano é lento ? Verdade, este pelo menos podia dar aulas a uma turma de tartarugas.
Finalmente, saí da loja com meia hora de atraso, paguei mais 3 reais para recuperar o carro e fiquei zangado com HP, Murphy e o Baiano de Iguatemi.